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Brasil vê no mercado cinematográfico chinês oportunidade de crescimento econômico

24.04.2024 16h24  Fonte: Diário do Povo Online

Por Beatriz Cunha e Fu Yuanyuan

“É uma honra estarmos participando como convidados, homenageados do Festival Internacional de Cinema de Beijing, justamente no ano em que o Brasil comemora 50 anos da relação diplomática Brasil-China”, disse Cassius Antonio da Rosa, secretário executivo adjunto do Ministério da Cultura do Brasil (MinC), ao conceder uma entrevista ao Diário do Povo Online, em Beijing.

O secretário executivo adjunto do Ministério da Cultura do Brasil, Cassius Antonio da Rosa, concede uma entrevista ao Diário do Povo Online, em Beijing, em 22 de abril. (Foto: Fu Yuanyuan/Diário do Povo Online)

Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil. Uma delegação de representantes do MinC veio à China para participar do Festival Internacional de Cinema de Beijing, que ocorre de 18 a 26 de abril e tem o Brasil como país convidado.

Cassius Rosa, secretário executivo adjunto do MinC, integra a delegação de brasileiros participando das atividades do festival, onde expressou a importância de uma cooperação mais profunda entre os dois países na área cinematográfica.

Ele vê esta ocasião como uma oportunidade não apenas de aprofundar as relações na cena cultural, mas também de avançar ainda mais na cooperação comercial.

Cassius observou a importância do mercado cinematográfico para o povo chinês, indicando inclusive que há quase uma equiparação no número de salas exibindo filmes com baixa bilheteria na China e salas exibindo filmes recordes de bilheteria no Brasil. O que significa que a parceria entre os dois países só tende a ser positiva, especialmente para o crescimento econômico do Brasil, explicou ele ao Diário do Povo Online.

Além de participar do Festival Internacional de Cinema de Beijing, o Brasil exibe quatro filmes: Marte Um, Que Horas Ela Volta, Uma História de Amor e Fúria e Retrato Fantasmas. A expectativa, segundo Cassius, é de que ao contemplar a diversidade cultural exposta no festival, a população chinesa se sinta instigada a conhecer mais do cinema e da cultura brasileira, e especialmente, queira visitar o Brasil.

O secretário demonstrou um profundo otimismo no sentido de que haja uma cooperação extensa e profunda na área do audiovisual, expressando seu desejo de que o Brasil possa estar presente não somente em festivais de cinema, mas também tenha uma participação assídua nas salas de cinemas e na televisão chinesa com produções brasileiras.

“Nós queremos investir nessa relação não apenas através do cinema, mas através da literatura, das artes, mostrando muito do que nos une também”, disse Cassius.

O secretário lamentou que, embora a China seja o principal parceiro comercial do Brasil, o conhecimento da cultura um do outro “ainda é muito pequeno perto do potencial que essas relações culturais podem ocasionar”.

O Congresso Brasileiro está atualmente tratando de dois importantes acordos de co-produção cinematográfica, disse ele, acrescentando que na área de televisão, o Brasil quer “estabelecer uma série de produções na área de documentários, novelas e programas de diversidade, não apenas nas atividades estatais, mas também incentivar as TVs privadas a estabelecerem esses acordos”.

Atualmente, o Museu Cine da China e a Cinemateca Brasileira vem produzindo ações na área de formação e intercâmbio, para “garantir a preservação de toda a história da cinematografia tanto da China quanto do Brasil”, indicou ele.

Em relação à televisão, Cassius adiantou que o Brasil terá a estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável pela TVE Brasil, acompanhando a delegação brasileira para a VII Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), que será realizada em junho, na China.

De acordo com ele, o Brasil dispõe da Lei Paulo Gustavo, que “injetou R$ 13,8 bilhões diretamente nos estados e municípios, designou 70% do seu orçamento para o audiovisual”, para a produção, formação e estruturação de espaços.

As ações na política do audiovisual são diretamente resolvidas pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Além disso, o Brasil conta com a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), que através do Fundo Setorial do Audiovisual, injeta recursos para produções de média e longa-metragens, explicou Cassius.

Essas ações fortalecem o mercado cinematográfico brasileiro, aumentando a demanda por espaços de exibição, e a cooperação com a China nesse aspecto é uma excelente oportunidade para ambos os lados, destacou ele.

O ministério da cultura do Brasil pretende ainda, juntamente com o ministério da educação (MEC) estabelecer a construção de programas de intercâmbio para aprofundar o intercâmbio com a China na área audiovisual e demais linguagens artísticas, para através da formação integrar ainda mais as duas nações, disse Cassius.