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Rodovia modernizada por empresa chinesa impulsiona exportações de frutas e transforma economia rural no Chile

15.05.2025 08h13 

Chen Yiming, Diário do Povo

Caminhão passa por um pedágio localizado na cidade de Talca, no trecho Talca–Chillán, da Rodovia 5, no Chile. Foto:Luiz Branco

Na região de Maule, no Chile, o sol brilha sobre parreiras organizadas e árvores dispostas de forma harmoniosa. Ao sair da Rodovia 5 do Chile, no trecho entre Talca e Chillán (doravante denominado "trecho Tachi"), e atravessar uma estrada rural tranquila, em menos de 20 minutos se chega ao pomar da família Rodríguez, no Vale Central — uma fazenda familiar típica da região.

“Sejam bem-vindos!”, recebe calorosamente Pablo Rodríguez, gerente da fazenda, envergando jeans e um chapéu de palha.

“Nossa fazenda antes cultivava milho e tomate. Em 2012, começamos a nos transformar, passando a plantar cerejas, uvas e melancias, que têm maior valor agregado. Em 2014, exportamos cerejas para a China pela primeira vez. Hoje, todas as cerejas que colhemos são exportadas para a China, e uma parte significativa do vinho que produzimos também vai para lá”, contou Rodríguez ao repórter. Durante a colheita, a fazenda chega a empregar cerca de 500 trabalhadores sazonais — com máquinas roncando, vozes animadas e o perfume das frutas no ar — “é como uma festa”, disse ele, com um sorriso orgulhoso no rosto.

“Garantimos que as cerejas são levadas do pé ao armazém refrigerado em, no máximo, 3 horas, para que mantenham a melhor qualidade ao chegar à China”. Rodríguez explica que as cerejas precisam chegar ao porto no “último minuto” antes da partida do navio. Um sistema logístico rápido e eficiente é essencial para garantir isso.

“Desde que a empresa chinesa assumiu a Rodovia 5 do Chile e realizou sua modernização, nossas cerejas conseguem chegar ao mercado chinês mais rápido e com mais segurança”. A Rodovia 5 do Chile mencionada por Rodríguez é a principal via de ligação entre o norte e o sul do país, e o trecho Tachi, com cerca de 195 km, atravessa a principal região produtora de cerejas do Chile, sendo, por isso, apelidado pelos locais de “Rodovia das Cerejas”. É um dos trechos mais movimentados da Rodovia Panamericana no território chileno.

A Rodovia 5 é operada pelo Grupo Internacional da China Railway Construction, com um modelo integrado de investimento, construção e operação. Desde 2021, quando assumiu a concessão do trecho, a empresa implementou melhorias e ampliação da via, além de uma gestão inteligente: a obra no trecho Tachi incluiu 30 km de ampliação, construção de 54 km de vias de contorno, e instalação de 13 sistemas de pedágio eletrônico.

Em 2022, foi pioneira na adoção de tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para cobrança automática. A operação da extensão ao sul, de Chillán até Coipué, iniciada em 2023, abrange a renovação de 166 km de estrada existente e a construção de um novo ramal de 6,6 km, totalizando 172,6 km.

Após a conclusão, o projeto aliviará o tráfego urbano nas principais cidades do sul do Chile, promoverá a integração entre o norte e o sul do país e impulsionará o desenvolvimento das indústrias ao longo da via.

Iván Marambio, presidente da Associação Chilena de Exportadores de Frutas, afirmou que o trecho Tachi conecta produtores, empresas logísticas, portos e mercados internacionais, sendo um canal essencial para que os produtos agrícolas do Chile entrem na China e em outros mercados asiáticos. A modernização da estrada aumentou significativamente a eficiência do transporte e reduziu o tempo para as frutas frescas chegarem aos portos, ajudando os produtores chilenos a obter maior lucro com as exportações, além de promover o emprego e o desenvolvimento industrial ao longo do trajeto.

Juan Álvarez, caminhoneiro que costuma circular entre as cidades de Talca e Coipué, disse: “Desde que a empresa chinesa trouxe o sistema de ‘passagem fluida’, o congestionamento diminuiu bastante e o tempo de transporte caiu muito. Agora, consigo fazer o trajeto de ida e volta duas vezes por dia, o que aumentou bastante minha renda”. Durante as entrevistas, o repórter descobriu que, com a melhoria das condições de transporte ao longo do projeto, a vida das pessoas da região teve mudanças positivas: mais moradores passaram a trabalhar com entregas, vendas, comércio eletrônico e outros setores relacionados, aumentando significativamente sua renda.

Fernando Reyes Matta, diretor do Centro de Estudos sobre a China e a América Latina da Universidade Andrés Bello, afirmou que, sendo o primeiro país latino-americano a assinar um acordo de livre comércio com a China, o Chile tem aumentado suas exportações de frutas e outros produtos agrícolas para o país asiático nos últimos anos, com as cerejas se tornando as "queridinhas" das mesas chinesas no inverno. Por trás desse “comércio doce” entre os dois países, está o apoio de infraestrutura como a Rodovia 5. A conectividade em infraestruturas estabeleceu uma base sólida para a cooperação sino-latino-americana. Rodovias, pontes, escolas, portos e usinas geram empregos e desbloqueiam as veias do desenvolvimento econômico regional.

O modelo de cooperação mutuamente benéfica entre a China e a América Latina permanece amplo e promissor.