Desde 2011, o Brasil conta com o maior experimento de agricultura regenerativa do mundo, a Embrapa Agrossilvipastoril, no município de Sinop, no estado de Mato Grosso (centro-oeste), consolidando o país como líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de sistemas de produção agrícola, levando em conta a sustentabilidade e o meio ambiente.
Localizada a cerca de 500 quilômetros de Cuiabá, capital regional, a Embrapa Agrossilvipastoril é uma das 43 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) no Brasil, o que o posiciona como líder em pesquisa agropecuária.
Em uma região que é o coração do agronegócio brasileiro, um dos pilares da economia do país, a Embrapa Agrossilvipastoril possui 612 hectares, dos quais 540 são dedicados a campos experimentais, para experimentos multidisciplinares de longo prazo nas áreas de pecuária, agricultura e regeneração de pastagens.
"Tentamos otimizar a produção de alimentos em uma área o máximo possível", disse Rafael Pitta, vice-chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da unidade, à Xinhua. "Buscamos combinar a produção vegetal e animal, com três colheitas por ano", acrescentou.
Uma das metas da Embrapa Agrossilvipastoril é reduzir as emissões de carbono da agricultura brasileira. "Globalmente, 18% dos gases de efeito estufa são emitidos pela agricultura. No Brasil, onde temos uma matriz energética limpa e diferenciada, a agricultura emite muito mais", disse Pitta.
Segundo dados do Observatório do Clima, a agricultura foi responsável por 28% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil em 2023, crescendo pelo quarto ano consecutivo.
Em seu extenso complexo, a Embrapa Agrossilvipastoril busca desenvolver soluções tecnológicas para sistemas integrados de produção agropecuária, como o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Em terras divididas por hectares, as lavouras se alternam com as áreas de pastagem para o gado, em campos margeados por altos eucaliptos ou tecas, que auxiliam no conforto do gado e evitam o sol forte que predomina em Mato Grosso. Os técnicos da unidade já detectaram melhora nos animais, com aumento de peso, melhora da imunidade e precocidade sexual.
A presença de rebanhos em pastagens que também são utilizadas para a colheita de soja ou milho ajuda a regenerar o solo, com mais nutrientes provenientes da urina e dos excrementos dos animais, e auxilia na redução de pragas.
Tudo isso aumenta o estoque de carbono no solo, que também apresenta maior diversidade microbiana e melhor conservação da água e do solo.
"Trata-se de buscar a intensificação com eficiência dos recursos naturais", comentou Pitta.
Para o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agrossilvipastoril, "O Brasil, que antes era visto com desconfiança em questões ambientais, agora começa a chamar a atenção pelas soluções que pode oferecer ao mundo na área do agronegócio."
Para ele, trabalhar na unidade "é uma revolução silenciosa". "Somos parte da solução global. Nossa forma de produzir alimentos no Brasil é parte da solução global", ele enfatizou.
Atualmente, o Brasil destina cerca de 17,4 milhões de hectares a esse sistema de integração em sua produção. A meta, segundo Pitta, é dobrar a área e chegar a 35 milhões de hectares, consolidando o país sul-americano como potência tanto na produção agrícola global quanto em soluções tecnológicas para garantir que o agronegócio não agrida o meio ambiente.
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