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Apoio da China contribui para aumento da produtividade agrícola e da renda das mulheres, diz ministra de Moçambique

14.10.2025 18h10 

Por Beatriz Cunha, Fátima Fu e Liu Ning

Após 30 anos de adoção da Declaração de Beijing e a Plataforma para Ação, na Quarta Conferência Mundial sobre Mulheres de Beijing, realizada em 1995, líderes de todo o mundo se reúnem novamente em Beijing para a Reunião Global dos Líderes sobre Mulheres.

Às margens do evento, a ministra do Trabalho, Gênero e Ação Social de Moçambique, Ivete Ângela dos Anjos Ferrão Alane, concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online e contou como o país africano vem se beneficiando das relações diplomáticas que Moçambique mantém com a China há 50 anos.

Segundo a ministra, a China demostra compromisso e cometimento para com os direitos da mulher, além de preocupação em assegurar que os compromissos assumidos sejam devidamente implementados.

O empoderamento econômico da mulher e a prevenção e combate à violência contra a mulher, em especial as jovens, são dois temas essenciais abordados na reunião, uma vez que são prioridades definidas pelo governo e Moçambique, afirmou Ivete.

Em Moçambique, mais de 80% das mulheres participam ativamente na atividade agrícola, sendo elas as principais beneficiárias do apoio da China em diversos projetos de transferência de conhecimentos e formação de trabalhadores rurais, por meio de treinamentos técnicos e orientações práticas, como o projeto de produção de arroz, além de outras culturas.

Este apoio da China contribui para o aumento da produtividade agrícola e da renda das mulheres, destacou a ministra.

Além disso, na área da saúde Moçambique vem recebendo o apoio chinês para a construção de infraestruturas, doação de equipamentos médicos e equipes médicas de apoio.

As mulheres têm sido beneficiadas tanto na área da saúde, quanto na área da educação, disse a ministra, acrescentando que isso resulta na expressiva melhoria dos níveis de empregabilidade delas e tem sido efetivamente um grande contributo da China à Moçambique.

Nos últimos anos, desde a adoção da Declaração de Beijing e a Plataforma para Ação, grande parte das inovações de Moçambique tem sido na área legislativa. A lei de prevenção da violência e combate à violência contra a mulher, é um exemplo disso, afirmou Ivete.

De acordo com ela, com esta lei a violência doméstica baseada no gênero deixou de ser um crime privado passando a ser um crime público.

Moçambique tem índices muito elevados de casamentos antes dos 18 anos, então o país adotou também uma lei para prevenção e combate às uniões prematuras, a fim de impedir e penalizar qualquer união forçada com jovens menores de 18 anos.

O programa moçambicano Eu Sou Capaz, dentro do Plano Nacional para o Avanço da Mulher, distribui bicicletas para jovens do ensino secundário, para reduzir a desistência escolar, empoderando as jovens.

“Nós sabemos que uma rapariga, uma mulher informada, está em melhores condições de se proteger contra a violência”, afirmou Ivete.

A ministra enfatizou que o intercâmbio entre mulheres de diferentes países é essencial e pode ser feito construindo e fortalecendo redes em várias áreas.

Nesses 30 anos, desde a Quarta Conferência Mundial sobre Mulheres de Beijing, muito já se alcançou, “olhando para os resultados que nós conseguimos alcançar ficamos bastante otimistas”, disse ela.

A iniciativa da China, com esta Reunião Global dos Líderes sobre Mulheres é uma oportunidade para avaliar os desafios, em grande parte comuns no mundo todo, e discutir como “acelerar esta nossa agenda comum do desenvolvimento da mulher”, destacou a ministra moçambicana.